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sexta-feira, 29 de março de 2024
6.0
6.0
( Geraldo Santos )
Aqui
Onde estive muitas vezes, na labuta,
Refleti os meus dias, tempo e passos.
Escrevi versos que nem lembro mais.
Frases significativas que perdi na memória,
Perdi as folhas e pousaram nas nuvens.
Aqui,
Viajei nas lembranças da minha mãe,
Que sobre o conforto de algumas folhas
E de remédios caseiros lá da roça, pariu,
Depois de toda dor, sagrada e humana,
Seu primogênito na sua tenra idade.
Aqui,
Onde jamais poderia prever estar.
Atravessei o atlântico e pisei em Berlim,
Experiência mais impactante que vivi.
Parecia o mais improvável de ser real.
E mais ainda, estar b cidade de Guadalupe,
Descer as montanhas de neve até Santiago
E ver a avenida que um dia se inundou de gente e de êxtase pela volta de seu líder,
Foi um tango conhecer Buenos Aires.
Aqui,
Desde a primeira ida a garoa de sampa,
Cortei muitas nuvens por todos os lados,
Da minha terrinha arretada, até os pampas,
De floripa ao cerrado fervente de Cuiabá.
Da úmida e verde terra do assaí e Nazaré,
Até as infinitas cascatas da bela Foz.
Aqui,
Chegar pelo ofício foi tão menos fardo,
Foi, antes, um aprendizado e um desafio.
Sentir ser o invasor numa rotina de alguns.
E foram tantas até chegar esses dias.
Dias de fortalezas, recifes e natais,
Até a sublime baía de todos os santos.
Aqui,
Foram tantas idas ao planalto do poder,
E cruzar por entre os tapetes verde e azul.
Do Nacional fitar a extensa esplanada.
E no Palácio, cumprimentar o maior líder.
Aqui,
Percebi a pequenez de todos nós,
Na vastidão de tanto oceano, e lindo,
O pontinho navio a cruzar o Panamá.
As luzes e tantas cores entre as estrelas
Que no firmamento atestam o sem fim.
Aqui,
Vi que algumas lágrimas escondidas
Na vã tentativa de reverter o real
Que condena a tantos o impossível
De saborear o sentido de aqui estar.
Aqui,
Com todo medo, fraqueza e ansiedade,
Não abandonei jamais aquela utopia, nossa,
De ver o fim das cercas, da fome e do ódio.
Utopia que não cabe em uma poesia,
Que vai continuar no horizonte da vista,
Vista que não é a solidão dos meus 60.
Que é de milhões que vão lutar, morrer,
Sobreviver, pois é essa nossa utopia,
Aqui, adiante, sempre e presente.
Vivavida!!!!
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